III - O Rio que nos Separa
Uma vez mais o tempo não consegue apagar a solidão em que se encontra o meu ser, a minha essência de vida, a minha alma, o meu coração.
Apesar de tempo que passou, que irá ser sempre pouco, o meu coração continua a chamar por ti, por nós, por aquelas noites mais frias em que um simples abraço, um simples sorriso aquecia todo o quarto, toda a casa, toda a minha vida. O teu respirar que me fazia respirar, que me fazia viver, e que por mais anos que passem irei continuar a ouvir no mais barulhento dos ambientes, na mais agitada cidade que possa existir.
Porquê? Porque é que todas as noites vens? Porque é que todas as noites te sinto nesta casa vazia, nesta vida agora sem ti?
Afinal o que nos separou? A nossa teimosia, os nossos medos, ou foi o rio nos separou? Esta é uma pergunta que todas as noites faço nesta cama vazia que chama por ti... E quando me levanto olho para a janela e vejo o rio, lembro-me que tudo poderia ser diferente. Porquê? Porquê este destino para o nosso amor?
Será que voltas? Não sei... Será que te voltarei a ver e a abraçar? Talvez um dia... O destino e o tempo, que cada vez te tem mais presente, têm as suas mais estranhas manhas, e as linhas da vida que nos separaram talvez um dia se voltem a cruzar. Hoje não sei! Sinto que irá ser sempre o mesmo... o mesmo caminho, a mesma história. Talvez eu nunca mude, é verdade! Talvez a história que se repete na minha vida teime em andar num ciclo vicioso. Uma roda viva, da qual não consigo sair.
Talvez tenha sido um sonhador ao longo de toda a vida, talvez tenha esperado demais e talvez volte a cair no mesmo erro, se quiser arriscar. Mas acredito, que por mais que viva o mesmo destino, hoje estou mais forte, mais distante do sentimento em que muitos não acreditam (por medo talvez). Esse sentimento pelo qual sempre vivi, acreditando que o final seria feliz. Hoje vejo que não o é, quiçá um dia talvez.
Já fui um menino que sonhou, que acreditou, e que tentou deixar a sua marca num mundo cada vez mais distante. Mas, os meus olhos continuam a brilhar e a acreditar que um dia tudo terá o seu final feliz.
Hoje cresci, sim cresci! Esta é apenas mais uma noite em que finjo ser feliz, em que sorrio à lua, uma vez que está impossivel voltar a sorrir a este rio que nos separa.
O cinzento da minha vida não mudou, mas vivo por viver e canto para um dia te poder dizer... Fui um cantor de sonhos, de histórias, de vidas que acaba a noite sozinho deste lado de um rio que nos continua a separar.
Jorge JMR Fitas
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