VI - Quando chegar o momento...


Mais uma vez volto a escrever! Mais uma carta no meio de tantas outras cartas... Mais um desabafo no meio de tantos desabafos. Mais um passar para o papel o que me vai na alma que, neste momento, se sente tão só e tão distante de sorrisos e folias de carnaval que vão passando aqui pela rua onde moro.

Sinto saudades... Saudades que tu nem ninguém conseguem imaginar, dos momentos, dos abraços, da voz que fica para sempre na minha memória... Porque estou eu aqui? Porque não estás tu aqui, junto de mim? A culpa, é minha, sim é minha, por não conseguir ultrapassar o passado que continua tão presente no meu coração...

O meu coração continua a chamar por ti, mas o meu medo é maior... Uma vez lí que o medo destroi, e sim é verdade, este medo está a destruir-me cada vez mais... Sei que estás aí, continuas aí, esperando talvez que eu consiga ultrapassar isto tudo e volte a sorrir para ti e a abraçar-te num abraço repleto de lágrimas de felicidade, pelo que perdemos, pelo que vivemos e pelo que teremos ainda que viver.

Queria dizer-te que sim. Que iriamos tentar novamente, que iriamos fazer de tudo para nos abraçar num abraço eterno. Dizer-te simplesmente o que nunca disse, pois sempre te acusei e culpei, mas talvez a culpa seja mais minha do que tua por ter sido fraco, não ter sido compreensivo e não conseguir desculpar algo que não havia motivo para ter que desculpar.

Nos últimos meses sei que não tem sido fácil também para ti. Sei que já optaste pelo teu silêncio, mas que continuas aí... Com uma vontade enorme de falar, de terminar com esse silêncio e de correr pelas palavras que sabes que me falavam ao coração.

Por sua vez, eu faço asneiras atrás de asneiras, engano-me a mim mesmo, tento convencer-me que já não dá mais, que o melhor é mesmo isto... Seguir em frente, e deixar-te seguir em frente (sei que vais conseguir). Não consigo seguir! Apesar de achares que estou a seguir, talvez por te ter tentado demonstrar isso para poderes lutar por ti e pela tua felicidade.

Li também que se alguém tem que ficar junto, um dia ficará, quando chegar o momento certo. Mas quando é esse momento? Será que demora a chegar ou será que não temos que ficar juntos? Não sei, mas sei que doi o que sinto... Querer ficar e não conseguir, querer abraçar e resitir... Querer beijar uma vez mais os teus lábios e olhar-te nos olhos, sentir o teu abraço, sentir a tua respiração.

Será que não sou mais eu? Será que devo deixar de escrever estas cartas sem selo e nunca enviadas e deixar esta nossa história seguir como um rio até ao mar e aí permanecer no meio de tantas outras histórias? Afinal tantas histórias de amor ficaram por completar, assim como tantas outras permanecem no ar.

Como estarás tu? Que estarás a fazer neste momento? São perguntas que rodam na minha cabeça noite e dia.

Podes não acreditar, mas o que mais desejo é que sejas mesmo muito Feliz, apesar de não te ter aqui, não te ter a ti, não ter a tua mão nem o teu abraço... Não ter mais o teu sorriso todos os dias, não poder mais ficar no meu silêncio ao teu lado. Aquele meu silêncio que tu conheces tão bem...

Por mais voltas que a vida dê sei que é esta solidão e esta saudade que volta sempre ao meu coração. Estejas onde estiveres, quero que estejas bem e é isto que peço, a única coisa que peço... Que sejas muito feliz, meu grande amor, minha vida, minha história... Obrigado por tudo meu coração, minha felicidade.

Foste tu que me retiraste do fundo do poço, numa altura em que tudo tinha desabado na minha vida, e esse meu renascer o devo a ti... Nunca, mas nunca, me irei esquecer disso... Foste tu que não desististe de mim, numa altura em que a minha vida era solidão e mais solidão. Era dor e mais dor... Foste tu que me viste recuperar aos poucos... Foste tu que compreendeste todas as minhas dores, os meus receios, os meus dramas... Foste tu que deixaste que as minhas alegrias voltassem. Foste tu que trouxes-te de volta o meu sorriso, depois de uma solidão profunda. Foste Tu!!! Só TU!

Não consigo escrever mais hoje, mas pelo menos deixo o registo do que me vai na alma neste preciso momento. E aqui fica mais uma das minhas cartas soltas. Uma carta que ficará junto de todas as outras.

De alguem que falha, erra, e faz asneiras atrás de asneiras e se engana a si próprio, mas que ainda escreve e isso lhe dá vida, e lhe faz acreditar que existe algo que é só nosso!

Jorge JMR Fitas

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